Por Letícia Viel Ferro

O avanço exponencial da tecnologia vem acompanhado de transformações em diversos setores da economia. Um dos temas mais discutidos recentemente é o impacto da Inteligência Artificial (IA) nos empregos, especialmente em países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Estudos recentes apontam que 27% dos empregos nesses países correm o risco de serem automatizados, gerando inquietação entre os trabalhadores.

O Brasil, mesmo não sendo membro da OCDE, é afetado por essas tendências globais. O Marketing Digital, por exemplo, tem enfrentado mudanças significativas com a introdução da IA.

Conversamos com Thiago Turetti, especialista em Marketing Digital, que nos deu uma visão sobre o cenário brasileiro. “A IA é uma realidade que não podemos ignorar. Mesmo dentro do marketing, muitas vagas serão extintas. No entanto, em vez de ver a IA como uma ameaça, nós a vemos como uma oportunidade”, afirmou Turetti. Ele ainda destacou que sua agência já se antecipou a essas mudanças, utilizando tecnologias avançadas para destacar seus clientes e manter-se à frente de outras agências no mercado.

No contexto global, a pesquisa da OCDE, que abrangeu 5.300 trabalhadores em sete países membros, revelou que três em cada cinco trabalhadores temem perder seus empregos para a IA nos próximos 10 anos. A pesquisa foi realizada antes da explosão da IA generativa, como ChatGPT, que promete acelerar ainda mais essa transformação.

Entretanto, a perspectiva não é apenas de perda. Dois terços dos trabalhadores que já interagem com IA afirmaram que a automação tornou seus trabalhos menos perigosos ou tediosos. O secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann, destacou: “Os governos devem ajudar os trabalhadores a se prepararem para as mudanças e se beneficiarem das oportunidades que a IA trará”.

O desafio é grande e multidimensional. Além de investir em treinamento e reciclagem profissional, garantindo que a força de trabalho esteja preparada para as novas demandas, é preciso pensar em políticas salariais e direitos dos trabalhadores. A OCDE sugere que salários mínimos e negociações coletivas podem atenuar os impactos da IA nos salários e garantir que os direitos dos trabalhadores sejam respeitados.

No Brasil, a expectativa é que o impacto da IA siga tendências similares. Com especialistas como Turetti liderando a vanguarda das adaptações, há esperança de que o país possa se adaptar e prosperar nesta nova era digital.

Prever o número exato de empregos que serão perdidos (ou criados) devido à inteligência artificial nos próximos anos é complexo e depende de uma variedade de fatores, incluindo avanços tecnológicos, decisões políticas, respostas do mercado de trabalho, educação e treinamento, e mais. Além disso, enquanto alguns empregos podem ser eliminados, novos empregos podem ser criados, e muitos empregos existentes serão transformados.

Até minha última atualização em janeiro de 2022, algumas estimativas e pontos a considerar incluem:

1. McKinsey & Company: Em um relatório de 2017, a consultoria estimou que, até 2030, entre 400 milhões e 800 milhões de indivíduos poderiam ser deslocados por automação e precisarão encontrar novas ocupações.
2. World Economic Forum (WEF): Em seu relatório “Future of Jobs” de 2020, o WEF previu que, até 2025, a automação criaria 12 milhões de empregos, mas eliminaria 85 milhões. Em outras palavras, uma perda líquida de 73 milhões de empregos.
3. Gartner: Esta firma de pesquisa previu que a IA criará mais empregos do que eliminará. Até 2020, a expectativa era de que a criação de empregos relacionados à IA chegasse a 2,3 milhões, enquanto as demissões ficariam em cerca de 1,8 milhão.
4. Pew Research: Em uma pesquisa com especialistas, quase metade previu que a automação levará a desigualdades significativas de renda, com potencial desemprego em massa. A outra metade previu uma economia onde se criarão mais empregos do que os que serão perdidos.

É fundamental lembrar que, mesmo que a IA possa eliminar certos empregos ou tarefas, muitos empregos exigirão a colaboração entre humanos e máquinas. Além disso, a IA tem o potencial de criar novos empregos ou categorias de empregos que ainda não concebemos.

A preparação para essa transição envolverá a requalificação e o treinamento da força de trabalho, bem como políticas governamentais para apoiar os trabalhadores durante essas mudanças.